sexta-feira, 6 de maio de 2011

Como Joãozinho Guevara Vai Resolver Todos Os Problemas

Era uma vez Joãozinho Guevara, estudante de uma universidade pública (cursando Ciências Sociais há 10 anos, sem se formar) que gostava que lhe respeitassem sem o devido respeito aos outros. Também adorava ter opinião sobre tudo, sobre (sociologia da) religião, (sociologia da) filosofia, (sociologia da) ciência, (sociologia da) política, (sociologia da) família, (sociologia da) ética, (sociologia da) economia, (sociologia da) sociologia.

Um dia ele teve uma idéia na fila para pagar o pão, "por que mulher bonita não paga, mas também não leva? Por que terei que fazer a conta da classe burguesa? Afinal, o pensamento é determinado pela classe do pensador, logo é inútil discutir a sua matemática. É preciso desmascarar a ideologia do preço do pãozinho, denunciar a lógica burguesa do padeiro." Começou a construir um mundo melhor na padaria da esquina.

E se dirige para seu Manoel:
- Sou o incrível intelectual Joãozinho Guevara. Quero registrar uma exploração social. Você, que veio para estas terras roubar nosso ouro e montar padarias capitalistas, quanto paga para este operário do pão?
- 500 paus, ó pá.
- Só isso? E de onde vem este dinheiro?
- Vendo os pãezinhos, claro.
- Mas quem faz os pãezinhos?
- Este gajo que chamaste de operairio de pão
- Então, é ele quem paga você para você pagar a ele.
- Ih, é veirdade. Que injustiça social! E eu estava a pensar que dava uma chance para o pobre operairio de pão.

Ele sai pensativo, chamou Welington, o explorado, e disse sem esconder a vergonha:
- Rapaiz, não pode mais trabalhaire aqui. Este professoire doutore universitaire abriu meus olhos. Estou te explorando e isto pesa em minha consciência. Estás demitido!

E Manoel, às lágrimas, deu um forte abraço no proleta ainda confuso.

Quando deu por si, Welington avançou em Joãozinho Guevara.
- Que que tu fez, mermão?
- Logo você não entendeu? Cadê sua consciência de classe operária?
- Que mané classe? Tá me tirando?
- Eu te libertei do capitalismo-neoliberal-globalizado da direita enlouquecida estadunidense, agora você está livre.
- Estados-unidiense? O cara é português!
- Hmmm sei. Você já ouviu falar na escravidão que...
- Mermão, quero o meu emprego de volta. Que que tu falou pra ele?

Com um levantar de sobrancelhas e ar de quem está falando a maior das obviedades, El Juanito Guevara Boludo, responde:
- Está contaminado pela economia burguesa, às vezes isto acontece. Leia o Pasquim, Carta Capital, Caros Amigos, Astronev Bukarov, Rubleyev Nureyev, Merinskov...
- Que évi, óvi o quê? Quer saber...

E Joãozinho Guevara ganha um cola brinco naquela cara enjoada. Tonto, no chão, ainda tem forças para protestar após a pesada carícia da mão calosa de Welington.
- Mal agradecido. É por isso que o Brasil não dá certo.

* Esse conto não é de minha autoria, nem me lembro onde o li da primeira vez. Gostaria de saber. Apenas lembrei dele hoje e achei em um forum por aí, e copio para preservá-lo.

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