terça-feira, 7 de agosto de 2007

Arquivo da CMI Social-Caviar

A liberdade de mercado não apenas derrota o comunismo como o digere e o regurgita

Empresa pretende criar parque jurássico do comunismo


Um Trabant!
Acima: Trabant, o carro prodígio produzido pelo comunismo.
A Massine Productions GmbH está planejando a construção de um parque temático, o "Ostalgie", que relembrará o estilo de vida precário existente sob o comunismo, derrotado há 13 anos.

Essa empresa de Berlim espera criar uma espécie de parque comunista jurássico de 10 mil metros quadrados da Alemanha Oriental, com inspeções alfandegárias por guardas de fronteira ríspidos que reviram os pertences das pessoas em busca de contrabando contra-revolucionário, notas de marco da época do comunismo e restaurantes com comida insossa.

Susanne Reich, porta-voz da empresa, diz que esperam investir milhões de euros no projeto, previsto para ser implementado ao sul de Berlim. "Nosso objetivo não é fazer piada com a Alemanha Oriental, isso é uma parte importante da história da Alemanha e o período precisa ser recriado da forma mais correta possível. Conversamos com várias agências de turismo na Europa e nos EUA e há interesse."

O comunismo está servindo para fazer crescer a indústria do entretenimento. As recordações da Alemanha Oriental já propiciam a venda de livros, músicas e filmes. Muitos turistas compram "relíquias" e souvenirs da época socialista, incluindo uniformes, bandeiras, e até o vinho Rotkäppchen, produzido por uma das últimas companhias que sobreviveram à transição para o capitalismo.

Muito conforto!
Acima: Como o Trabant é um carro espaçoso!
A atriz Katrina Suss, que participou do filme "Goodbye Lenin!", reconheceu que há 5 anos atrás, as memórias da ditadura comunista ainda eram muito dolorosas e que os jovens, por serem menos impressionados pela tragédia recente, adotaram a moda do "cafona comunista". Já prosperam as lojas especializadas nessa moda e estão abrindo filiais.

Rainer Karsten já abriu duas lojas em Berlim devotadas inteiramente à objetos de recordação da Alemanha Oriental, uma delas sediada no quartel-general do Partido do Socialismo Democrático. De acordo com Karsten, a freguesia procura produtos raros e autênticos, fabricados na época e por companhias que sobreviveram à Cortina de Ferro.

Rico Heinzig, um guia e operador turístico, confirma a demanda. Ele leva turistas para passeios de 90 minutos dentro de um Trabant, um dos carros produzidos pelo comunismo que tem a potência de um cortador de grama e é capaz de correr à velocidade assombrosa de 30 Km/h, além de soltar nuvens de fumaça. Dentro do carro, com os joelhos encostados no queixo, os turistas espremidos desfrutam da fumaça do escapamento e do cheiro de pneu queimado para lembrar como é viver sob o comunismo.

 Motor ecol�gico!
Acima: A sofisticada mecânica do Trabant que só o comunismo pode produzir.
Apesar do modismo, o entusiasmo pela época em que a Alemanha sofreu ocupação soviética não é muito profundo. Pesquisas apontam que menos de 10% dos alemães de Berlim Oriental genuinamente sentem falta do regime ditatorial, e a estimativa de saudosistas é irrisória entre alemães ocidentais.

A maioria dos residentes de Leipzig ou Dresden, por exemplo, considera que o modismo é apenas um folclore passageiro e a última coisa no mundo que eles desejariam seria a volta do monstro comunista. Os alemães estão apenas desfrutando de outro tipo de libertação - a liberdade que vem à medida que as memórias dolorosas se apagam.

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